mercredi 8 octobre 2014

Brasil: as raízes da corrupção

RJ, 08.10.2013

Quando nós adotamos a maneira de pensar dos psicossociónomos[1], a cultura de um país acaba por ser  um conjunto de características que nos introduzem aos códigos sociais, aos ritos, aos símbolos e aos valores de uma sociedade.
Os psicossociónomos partem da constatação de que uma sociedade é concebida no nascimento de um país, que ela nasceu de seus pais fundadores, que ela passou por eventos marcantes, criando e amando seus heróis, tudo como aconteceria com um indivíduo.

Esses especialistas analisam uma nação como se fosse uma pessoa e assim, a noção de cultura torna-se viva e dinâmica: uma sociedade passa por etapas de desenvolvimento...ela termina a infância, atravessa uma fase em que busca por sua identidade, como se faz na adolescência, chega à maturidade e inicia seu período de declínio.
Os psicossociónomos igualmente supõem que uma sociedade teria, como uma pessoa, um inconsciente. E aqui as coisas são mais interessantes.
Nós sabemos desde Freud e Eric Berne[2] que, através da noção de Cenário de Vida, que o próprio inconsciente influencia a vida de cada um sem seu conhecimento... porque o inconsciente não deixa aproximar-se dele ou decifrá-lo facilmente. Ele se manifesta através de lapsos, de atos falhos e de sonhos...nada simples, ainda mais por ele ser cheio de energia!

O inconsciente de uma criança é impregnado por seus pais e por sua vivência durante a infância no seio de criação de sua família. Se nós fizermos uma analogia, o inconsciente de uma sociedade é impregnado pelo espírito de seus pais fundadores e por seus grandes momentos históricos. Como uma pessoa, essa sociedade teve sentimentos e emoções e adotou um certo tipo de comportamento inconsciente nascido dessas experiências.
Outra característica desse inconsciente chama-se a compulsão da repetição.
Em outros termos, nosso inconsciente irá nos impelir a reproduzir e recolocar em evidência as situações difíceis de nossa infância, na esperança absurda de resolvê-los enquanto adulto.

Nós então podemos nos perguntar a seguinte questão:
foto; Heleno costa

O que uma sociedade repete inconscientemente, proveniente do seu passado, que remonta aos seus pais fundadores?

Na Recursimo, nós pensamos sobre os eventos recentes no Brasil, onde a população não para de se manifestar ha cinco meses. A pressão da rua foi bem sucedida em impedir o aumento dos preços das passagens de ônibus. A população continua a exigir: saúde, educação e o fim da corrupção.
Vista a importância dos desvios de dinheiro público, nós podemos pensar que seria o suficiente obter uma diminuição de 80% da corrupção para ter professores, escolas, e serviços de saúde adaptados às necessidades do país.
Nós somente podemos reconhecer que o roubo sistemático, em proporções inconcebíveis, das elites corrompidas, é uma repetição da história que remonta aos fundadores do Brasil.

O Príncipe João, futuro D. João VI rei de Portugal[3], levou o tesouro do Estado português aos portos do país para salvá-lo das mãos de Napoleão, de modo a instalar o Império Português no Rio. Ao chegar, da noite pro dia, ele expulsou inúmeros cariocas de suas residências para acomodar seus doze mil cortesãos. Em seguida, ele elevou os impostos de acordo com suas necessidades. E foi assim durante trezes anos....sem deixar de ter sido amado pelo povo.
Antes de retornar à Portugal, ele retirou os últimos centavos dos cofres do Banco do Brasil. 

“A realeza que acabava de viver da corrupção fez um grande saque ao tesouro público”[4].

- “Os fundos atribuídos para manter os diversos setores da indústria e para os trabalhos de utilidade pública desapareceram por uma súbita sangria e muitas coisas iniciadas com a chegada da Corte e das quais nós esperávamos um grande benefício, foram interrompidas.” [5]
“Isso correspondeu a falência, ainda que não declarada”[6].

- “Na prática, o roubo dos recursos do Tesouro tiveram consequências dramáticas para a economia brasileira...”[7]

Deixando o país e seu filho (o futuro Imperador Pedro I) em uma insuperável dificuldade financeira que perdurou por muitos anos e originou uma dívida endêmica. Ainda assim, isso não impedia o amor do filho por seu pai. Obediência de um jovem rei, resignação diante da autoridade ou aceitação dos compromissos de um Príncipe?
Para João VI, a situação estava muito clara: “O que pertence ao Estado, me pertence”. Assim como Louis XIV declarou “O Estado sou eu”. 

Desde então, a maior parte dos governantes saquearam os cofres públicos como se fossem deles mesmos.
Nós sabemos que a corrupção existe em todos os países do mundo. É verdade.
Mas nem todos os povos a consideram como um mal necessário e não dizem:
“Se não forem eles, serão os outros. Tantos se mantém no mesmo lugar, eles já estão servidos.”
Como se houvesse um limite ao roubo... Nem todos os povos tem essa incrível tolerância aos atos de corrupção... Como se a lei do Pai não pudesse ser realmente questionada.

No Brasil, os últimos eventos tiveram um significado próprio à uma rebelião na adolescência. Poderia-se ainda seguir seu crescimento ultrapassando os esquemas calamitosos de sua história.
O Brasil deveria utilizar toda a sua energia de adolescência para desfazer as organizações criminais poderosas que contribuem para a perda da credibilidade do Estado, particularmente da América Latina: Brasil, Colômbia, Peru e Bolívia.
Os pais perversos nunca são fáceis de derrubar. A Síria passa por uma dolorosa experiência ao custo da vida de sua população.

“A corrupção mata a democracia, pois ela coloca em cheque os fundamentos da República: a igualdade de tratamento, o desinteresse do serviço público, a busca pelo interesse geral” (Michel Sapin)[8]

Françoise DONANT,
Doutora em economia e diretora da Recursimo


[1] Os psicossociónomos utilizam a psicologia e a sociologia em empresas e em países, considerando que essas entidades pensam, sentem e se comportam como indivíduos.
[2] Eric Berne, fundador da análise transacional e autor do livro “O que você diz depois de dizer olá?”
[3] Para o historiador Oliveira Lima, D.João VI foi “o verdadeiro fundador da nacionalidade brasileira” porque ele assegurou lo território e permitiu a uma classe dirigente de se responsabilizar pela construção do novo país”.
[4] Historiador Manuel de Oliveira Lima
[5] Maria Graham
[6] Historiador Pereira da Silva
[7] Laurentino Gomes “1808”
[8] Ministro do Trabalho, do Emprego e do diálogo social desde maio 2012.

mardi 4 février 2014

A INTERCULTURIDADE: UMA AVENTURA DE RELAÇÕES


No contexto de globalização, que facilita as mudanças e trocas entre países,e portanto, entre culturas, a “interculturalidade” aparece como um novo termo da “moda”, cada vez mais e mais presente em nosso vocabulário mas frequentemente desprovido de significado.

             
Photograph by Daniela Ponce, My shot
Quando falamos em interculturalidade, as principais questões esquecem até mesmo a noção de “inter” e de “cultura”: “Então,  você compara os franceses e brasileiros no trabalho, por exemplo?”, “Você compara as diferenças culturais entre os países?” “Você poderia então nos dizer a chave para mudar nosso comportamento com os brasileiros?”

Mas a interculturalidade quer dizer muito mais que isso. Retomemos a definição do Conselho Europeu em 1986: “O uso da palavra interculturalidade implica necessariamente, se nós atribuirmos o prefixo “inter” a sua significação: interação, troca, eliminação de barreiras, reciprocidade e verdadeira solidariedade. Se, ao termo “cultura” reconhecemos todo o seu valor, isso implica o reconhecimento de seus valores, de modos de vida e de representações simbólicas aos quais os seres humanos se referem em suas relações com os outros e em sua concepção do mundo”.

Essa definição nos leva ao conhecimento e reconhecimento do Outro  na sua diferença. A interculturalidade é o querer conhecer o Outro, compreendê-lo ou ainda dar um sentido aos seus comportamentos e não apenas julgá-lo.
A interculturalidade é, antes de tudo, o ato de se questionar sobre sua própria cultura e saber reconhecer de onde vem suas próprias atitudes e reações, assim como sua percepção do mundo. É saber abrir-se para poder se abrir aos outros.


Em um mundo voltado para o materialismo e individualismo, a interculturalidade deveria nos aproximar mais do “ser” do que do “fazer”. Sim, nós nos ensinamos a adotar um comportamento melhor para “construir” boas relações com os brasileiros. E é também frequente a comparação dos franceses e brasileiros ao analisar sua maneira de “fazer” seu quotidiano.

Mas sobretudo nos aproximamos da cultura através da  compreensão e respeito do seu “ser”, como se cada país fosse uma pessoa a parte, com sua estrutura de personalidade, sua história, seus valores, que cada um dos membros de sua família, aqui nos referimos a população, tem um pouco em si. Como uma pessoa, ela evolui, ela amadurece e ela se transforma.

Temos de estar conscientes de que essa pessoa não é perfeita, mas que ela muito nos oferece a oportunidade de crescer, de nos enriquecer, e que se não sentimos imediatamente uma complementariedade com ela, deve-se então buscar a riqueza escondida dessa relação com o Outro, que frequentemente nos remete a nossa própria história. Como uma pessoa, nós podemos amar uma cultura, detestá-la, identificar-se com ela em um dado momento de nossas vidas e nos separarmos.

As culturas são vivas e evoluem através dos acontecimentos sociais, políticos e econômicos, tanto, que é através de reações emocionais e comportamentais que elas atravessam o curso de nossa história. Todas essas dinâmicas levam consigo uma nova e construtiva visão da relação intercultural.
"Diversity"
 photo and caption by Kaitlyn  Larkin,
NG Constest,2013

“Ser intercultural” é transmitir o sentido da compreensão de uma cultura, poder se colocar na pele do Outro. Não é mudar seu comportamento para se adaptar ao outro, mas transformar a si mesmo, seu olhar, acreditando em nossa capacidade mútua de evoluirmos juntos. 





Amandine PELLIZZARI para Recursimo Consultoria – Especialista de interculturalidade. 
www.recursimo.com
Photos: National Geographic

jeudi 30 janvier 2014

ENQUETE INTERCULTURAL SOBRE O GERENCIAMENTO FRANCO-BRASILEIRO


Na comunidade francesa do Brasil, diz-se cada vez mais e mais que não é muito fácil trabalhar com brasileiros... mas os brasileiros também falam de sua vida no trabalho com os franceses. Para saber mais, a Recursimo, nossa empresa de conselho e de treinamento, realizou uma enquete com quase 400 gerentes franceses e brasileiros: quais são as dificuldades e as riquezas de trabalhar juntos?

Essa enquete foi realizada por correio, de janeiro à março de 2013, respeitando o anonimato das pessoas. A maioria das respostas veio de responsáveis atuando na região do Rio de Janeiro.
O objetivo era de conhecer melhor as necessidades de treinamento para propor soluções adaptadas às dificuldades. Sabemos que em média o custo da expatriação por um salário e uma família é de aproximadamente 300 000 euros por ano para cada empregado. Uma grande perda quando o dito empregado regressa à França após uma expatriação curta e difícil, sem esquecer os custos humanos para cada membro da família e o choque cultural do retorno.

Em nossa enquete, os responsáveis franceses admiraram nos brasileiros a sua boa vontade e o seu desejo de aprender. A maior parte entre eles lamenta algumas falhas que implicam na empresa: falta de fidelidade e também de organização: negligência e esquecimentos, e uma visão de tempo em curto prazo, sem planificação. Contudo, eles estimam qualidades no relacionamento com os brasileiros: gentileza, capacidade de criar um bom ambiente de trabalho, obediência e flexibilidade. O fator cultural que desorienta mais é a dificuldade dos brasileiros de dizerem “não” ou ainda “eu não sei”. Certamente que esses julgamentos dependem das representações de cada um, elas mesmas são sujeitas às origens culturais, valores e experiências profissionais.

Para melhor entender, perguntamos aos gerentes franceses como eles se vêem.
Eles se julgam sérios, eficazes, profissionais e rigorosos, e às vezes “arrogantes e queixosos”. Seu modelo de profissionalismo é a obtenção de resultados pelo respeito de prazos, custos e qualidade. Eles pensam que seu gerenciamento é muito eficaz, ainda que possa ser “autoritário, arcaico e paternalista” e que não se permite obter sempre os resultados desejados. Eles percebem que falta a eles mesmos um treinamento e a uma metade que não sabe como lidar com um estresse relativamente perigoso.

O que nós podemos deduzir?

O circulo vicioso se define como: os fatores de estresse originados dos brasileiros (gestão do tempo, organização,...) sobre os franceses se combinam com a pressão da sede das empresas longe do Brasil, que minimiza ou então ignora as dificuldades culturais. Esse estresse sentido pelas equipes repercute também entre os colegas brasileiros, os quais se sentem agredidos pela pressão das atitudes de passividade ou de evitação, que acentua o estresse dos colegas franceses. Um círculo vicioso que contribui para um constrangimento recíproco.

Os franceses recomendam treinamentos para os brasileiros para ajudá-los a respeitar os prazos, de serem pontuais, mais rigorosos, e capazes de dizerem “não” e etc. Por eles mesmos, eles dizem querer melhorar o gerenciamento de seu estresse e de saber adaptar suas maneiras pois muitos aspiram até mesmo que “bem administrando os brasileiros, pode-se ter uma produtividade maior do que a dos franceses”. De fato, as duas nacionalidades valorizam a riqueza do encontro. Sabendo que as questões culturais são variáveis, pouco flexíveis e pertencentes à identidades coletivas fortes, nos resta apenas transformar o círculo vicioso em círculo virtuoso. Ao viver e trabalhar juntos aprende-se que, como constatamos que a naturalidade e a boa vontade não são sempre o suficiente.

Os brasileiros admiram o profissionalismo dos franceses, os franceses admiram as aptidões para se bem relacionar dos brasileiros, e todos apreciam o prazer de estarem juntos. Conjugar essas disposições para otimizar as relações merece ser trabalhado. Nossa performance não pode ser unicamente técnica, ela depende também de nossa capacidade a saber aprender bem nas relações do cotidiano e de saber gerir as nossas diferenças culturais.

O momento de relaxar: lazeres, esportes, família...como o treinamento em administração intercultural, coaching,  a gestão do tempo e do estresse fazem parte de respostas eficazes, de maneira à confortar aquilo que todos teremos de passar: o prazer de trabalhar juntos, um verdadeiro motor de eficácia.    



Françoise DONANT para RECURSIMO CONSULTORIA INTERCULTURAL

mardi 7 janvier 2014

L'INTERCULTUREL: UNE AVENTURE RELATIONNELLE

Dans notre contexte de mondialisation, qui favorise les déplacements et les échanges entre pays et donc entre cultures, "l'interculturel" a fait son apparition comme le nouveau terme à la mode, de plus en plus présent dans notre vocabulaire mais souvent dénué de sens.


Lorsque nous parlons d'interculturel, les principales questions oublient même la notion  d' « inter » et de « culture »: « Alors vous comparez les français et les brésiliens au travail par exemple? », «  Vous comparez les différences culturelles entre les pays? », « Vous pouvez donc nous donner les clés pour changer notre comportement avec les brésiliens? »

Photograph by Daniela Ponce, My shot
Mais l'interculturel veut dire bien plus que ça. Reprenons la définition du Conseil de 
l´ Europe en 1986 : « L’emploi du mot interculturel implique nécessairement, si on attribue au préfixe « inter » sa pleine signification: interaction, échange, élimination des barrières, réciprocité et véritable solidarité. Si, au terme « culture » on reconnait toute sa valeur, cela implique reconnaissance des valeurs, des modes de vie et des représentations symboliques auxquels les êtres humains se réfèrent dans les relations avec les autres et dans la conception du monde. »

Cette définition nous amène à la connaissance et à la reconnaissance de l´Autre dans sa différence. L´interculturel, c’est vouloir connaître l´Autre, le comprendre ou encore donner du sens à ses comportements et non pas uniquement le juger. L´interculturel, c’est aussi d’abord se questionner sur sa propre culture et savoir reconnaitre d’où viennent ses propres attitudes et réactions ainsi que sa perception du monde.  C'est s'ouvrir sur soi pour pouvoir s'ouvrir aux autres.

Dans un monde qui tend vers le matérialisme et l’individualisme, l’interculturel devrait nous rapprocher davantage de l´« Être » que du « Faire ». Oui, nous enseignons comment adopter un meilleur comportement pour mieux « faire » avec les brésiliens. Il nous arrive aussi souvent de comparer les français et les brésiliens pour ensuite analyser leur façon de « faire » au quotidien. 
Mais surtout nous abordons la culture dans la compréhension et le respect de l’« Être », comme si chaque pays était une personne à part entière, avec sa structure de personnalité, son histoire, ses valeurs, que chacun  des membres de sa famille, ici son peuple, porte en lui. Comme une personne, elle évolue, elle mûrit et se transforme.

C’est être conscient que cette personne n’est pas parfaite, mais qu’elle nous donne beaucoup, nous offre l'occasion de grandir, nous  enrichit, et que si  nous ne comprenons pas tout de suite la complémentarité avec elle, il s'agit de chercher la richesse cachée de cette relation à l'Autre, qui souvent nous renvoie à notre propre histoire. Comme une personne, on peut aimer une culture, la détester, s'identifier à elle à un certain moment de notre vie et s'en séparer lorsque nous ne y retrouvons plus.

"Diversity"
 photo and caption by Kaitlyn  Larkin,
NG Constest,2013
Les cultures sont vivantes et évoluent avec des évènements sociaux, politiques et économiques autant qu’ à travers des réactions émotionnelles et  comportementales qu’elles traversent au cours de leur histoire. Toutes ces dynamiques apportent  une vision nouvelle et constructive de la relation interculturelle.

« Être Interculturel », c’est amener du sens dans la compréhension d’une culture, pouvoir se mettre dans la peau de l´Autre.




Ce n’est pas changer son comportement pour l´adapter à l’Autre mais changer soi-même son regard en faisant confiance à notre capacité mutuelle d’évoluer ensemble.


Amandine PELLIZZARI pour Recursimo Consultoria – Spécialiste de l’ Interculturel


lundi 9 décembre 2013

CHANGEMENT DE CULTURE: UN VOYAGE QUI SE PREPARE

Beaucoup de questions avant le grand plongeon

Finalement, que savais-je du Brésil avant notre arrivée ? Rien, ou si peu. Quelques chansons de Caetano Veloso et de Seu Jorge, des romans de Jorge Amado, des souvenirs d’un voyage à Rio…
Une fois la décision de notre départ confirmée, mille questions commencèrent à se poser, certaines plus prosaïques ( grande amatrice de vin, ma préoccupation était de savoir s’il était possible d’en trouver facilement, et j'ai été vite rassurée sur ce point ! )
D’autres, plus profondes, se résumaient finalement à celle-ci :

Comment se préparer à la réalité d’un pays appelé à devenir notre terre d’adoption pendant quelques années ?

La tâche me paraissait ardue quand j'imaginais devoir répondre à un Brésilien s’interrogeant sur la France et les Français : Comment expliquer, sans tomber dans les clichés, ce qu'est le Français type -en supposant qu’il existe !
Quel est le mode de raisonnement et de communication qu’il privilégie, quel type de manager est-il  au sein d'une entreprise… ?
Vaste chantier en effet mais tout a un commencement, et pour moi cet apprentissage a débuté lors des cours de portugais du Brésil.


La langue : un premier pas entre les cultures

De façon classique, le ‘package’ d’accompagnement de la société de mon mari dans le cadre d’une mobilité internationale prévoyait deux volets : des cours de langue et une formation en management interculturel.
Tant pour mon mari que pour moi, il n’était pas envisageable d’arriver sur place sans maîtriser  la langue un minimum.
Au cours des premiers mois, dans le parcours du combattant que constitue une installation au Brésil, un grand réconfort a été de sentir que nous étions capables de communiquer et de nous faire comprendre.
Je suis tombée sous le charme du Brésil et de ses habitants en apprenant leur langue. Dans sa consonance, dans la diversité des ses racines, la langue brésilienne raconte son histoire, le métissage de sa population, et révèle beaucoup sur sa société et ses modes de communication. Le tutoiement et l’usage du prénom sont à ce titre très frappants, surtout pour nous, Européens et Français, habitués à beaucoup plus de formalisme et tout simplement beaucoup plus coincés.


S'intégrer dans un nouvel environnement, cela se travaille...

La formation interculturelle constituait le second volet de l’accompagnement. Bien qu’elle puisse paraître incontournable pour préparer et faciliter l’expatriation, le recours à ce type de formation n’est pas encore un réflexe dans les entreprises. Être capable d’identifier les différences culturelles, de comprendre l’origine de ces différences et les valeurs sur lesquelles elles reposent, est cependant un facteur clé dans le succès ou l’échec d’une mobilité internationale.
Conduite par une spécialiste de la psychologie culturelle et reposant essentiellement sur l’analyse et la discussion autour de cas concrets, cette formation nous a apporté beaucoup, et continue dans le temps à nous servir de référence. D’abord, un éclairage nouveau ou complémentaire nous permettant de comprendre et d’interpréter les différences que nous avions pu observer, et d’en tirer nos premières conclusions.
Par exemple, le fameux « oui » qui ne signifie pas forcément « non » mais « sans doute », voire « peut-être éventuellement »...

De façon très pragmatique, connaître les faux pas à éviter, ce qu’il est raisonnable d’attendre et ce qu’il ne sert à rien d’espérer. Plus profondément, une meilleure compréhension des valeurs et de la culture des Brésiliens, de leur conception de la hiérarchie et de l’autorité, de la dimension qu’ils accordent au temps, du poids de leur histoire.
Mais sans doute et surtout certaines vérités universelles, valables pour tous, expatriés ou locaux. L’une d’elle me reste toujours en tête, quel que soit le contexte:
« Traite les autres comme ils veulent être traités » et non pas pas comme je voudrais l’être, ce que j’avais tendance à penser instinctivement. Dans mon métier des Ressources Humaines, elle me paraît encore plus fondamentale.

Comprendre, s’adapter, s’intégrer dans une nouvelle culture requiert beaucoup : l’envie d’abord, puis l’ouverture d’esprit, l’écoute, et  l’humilité.  

Comme Marcel Proust l’a dit, le veritable voyage de découverte ne consiste pas à chercher de nouveaux paysages, mais à avoir de nouveaux yeux.

Frédérique de Grignart pour RECURSIMO Consultoria 
www.recursimo.com





vendredi 18 octobre 2013

L'ACCOMPAGNEMENT PROFESSIONNEL DU CONJOINT EXPATRIE NON SALARIE

Cet article a pour objectif de tracer les grandes lignes de ce qui motive un travail d’accompagnement professionnel des conjoints expatriés non-salariés.

J'ai choisi de préciser mon travail auprès des conjoints expatriés non-salariés, plutôt que des problèmatiques de l'expatrié qui travaille, ou de celle de ses enfants, qui sont des problèmatiques interdépendantes au sein de la famille.
La population des conjoints expatriés non-salariés est en très grande majorité féminine. En moyenne, ces femmes ont avant de se lancer dans l’aventure de l’expatriation, une qualification professionnelle égale ou supérieure à quatre années d’études post-bac et un acquis de quelques années d’activité professionnelle. C’est une  population en mutation qui suit, avec retard, l’évolution de la société du pays d’origine.

Pour la France, nous voyons augmenter le nombre des hommes qui suivent leur femme expatriée par leur travail, des familles monoparentales, des couples homosexuels. Nous sommes à un tournant sociétal, et les entreprises qui expatrient leurs salariés gagneraient à prendre en compte différemment ces populations.

Ma première approche de ces femmes expatriées s’est faite il y a une quinzaine d’années, étonnée par leur agressivité, et leur attitude de critique systématique de la société d’accueil.  Des femmes qui semblaient avoir dans leur vie bien plus que ce que d’autres pourraient rêver : une famille, la santé, un travail, une protection sociale, une aisance financière, des voyages de par le monde. 

Mais d’où venait donc cette insatisfaction chronique ?
De l’expatriation découlent plusieurs aspects, qui se développent  selon l’histoire de vie de chacun. L’expatriation ne crée rien, mais fait émerger ce qui psychologiquement est prêt de l’être. Il y a l’excitation de la découverte, la nouveauté, les challenges surmontés qui font partie  de la nourriture positive dont toute vie a besoin.
Et la face cachée : la perte de repères et la perte de sens, l’écroulement du MOI bien vite remplacé par le masque social la PERSONA*. Les façades offertes tant à soi-même qu’aux autres peuvent varier : hyperactivité sociale ou encore isolement social. Les conséquences sont aussi multiples que ce que l’humain peut créer : la dépression,  l’alcool, l’agressivité, la mélancolie … avec impacts sur la personne, sur le conjoint et sur les enfants quand il y en a.

Mon postulat est que l’origine de ce malaise se développe en lien avec deux réalités ancrées dans toute histoire de migration, et implique donc aussi  le conjoint expatrié non salarié : le déni de la place sociale de l’individu, mais aussi de ce qui l’affecte: sans cette reconnaissance, comment  transformer notre vécu  en un état porteur et constructif ? Cela me parait  impossible.

Ce déni  est bien ancré et se retrouve dans tous les cercles qui définissent la personne : elle-même, son couple, sa famille nucléaire et élargie, l’employeur et la société. D’où la difficulté à atteindre cette population et à initier avec elle un travail de restauration.

Chacun doit assumer seul:
- le différentiel qui résulte de la confrontation entre attentes et réalité. Et pour comprendre les difficultés d’une personne, on doit considérer tant les paramètres individuels familiaux et  culturels de la société d’origine que ceux  de la société d’accueil ainsi que les attentes respectives de tous ces rôles. Chaque individu peut avoir une réactivité différente quand il  est confronté à la société du pays d’accueil.

Il y a chez la femme française un hiatus entre la réalité sociale qu’elle vit en expatriation, et les représentations de son rôle  : elle travaille et élève ses enfants  au même titre que son conjoint. Les femmes Françaises conçoivent difficilement une vie sans tenir les rênes d’une responsabilité professionnelle ; c’est de l’ordre de l’acquis.

Comment s’autoriser à exprimer son malaise quand on est sensé vivre une vie privilégiée ? Un travail en ces temps de crise économique, un statut administratif dont découlent des avantages sociaux, le bénéfice d’un salaire boosté de primes, des destinations lointaines qui prêtent aux rêves…
Comment percevoir ce malaise ? Par des échanges privés, l’écoute, le comportement de la personne, de son conjoint ou des enfants. Car à la fois chacun et la cellule familiale sont touchés.
Quel est le malaise ? Quel est le besoin associé ? Le pendant du déni  ambiant: la reconnaissance.
Il ne s’exprime quasiment jamais par le verbe, ou bien sous le sceau de la confidence autorisée par la prise en charge professionnelle. La parole doit être protégée, la population ressemble à celle d’un petit village au sein duquel beaucoup se sait.

Alors le cœur se dénoue et les sentiments s’expriment enfin.
Qu’est-ce que je construis pour moi-même ? Comment puis-je développer et maintenir une activité reconnue qui soit uniquement mienne ?

La phase initiale du travail est  de retrouver une confiance en soi perdue, liée au déni de la place sociale .Comment travailler cet aspect majeur en termes d’accompagnement professionnel ?

Par un retour aux fondamentaux :
  • Un travail sur les valeurs individuelles : qu’est ce qui me fait me tenir debout  ? Qu’est-ce qui fait que ma vie prend un sens pour moi, et non uniquement à travers mon conjoint, mes parents, mes amis, mes enfants…
  • Par une mise en parallèle de ce j'ai fait de ma vie  avec ce dont j’ai  rêvé  en terme de vie idéale.
  •  Un travail d'élaboration pour faire émerger les éléments de la personnalité vécus comme étant porteurs (je suis fière de..) et ceux vécus comme étant handicapants (je suis mauvaise en …) Comment se les réapproprier, en être fière et les utiliser de façon volontaire et constructive? C’est le prémisse au retour à un état d’amour de soi  qui entraîne petit à petit  l’expression et donc le travail sur certaines difficultés récurrentes.

Lorsque la phase de reconnaissance de soi-même est enclenchée, l’agressivité  envers soi ou envers autrui, en général  le conjoint,diminue, et un travail peut s’élaborer non pas « contre » mais « avec » soi-même et avec l’autre.

Je travaille systématiquement avec mes clients ces trois points que je considère majeurs, en groupe ou individuellement.

Une des particularités de Rio est justement cette notion de différentiel entre les attentes et la réalité. Rio s’affiche comme une ville paradisiaque avec son lot de représentations : le climat, la samba, le carnaval, les plages, les corps superbes … comment se permettre de se plaindre aux siens, qu’ils soient proches ou éloignés?

Le travail d’accompagnement est là pour permettre à la personne de renouer avec  elle-même  et ses vraies émotions, se confronter aux phases de deuil inévitables et parvenir à poser des choix. En un mot, retrouver sa liberté !
Ce travail n’implique pas nécessairement un accompagnement lourd ni long pour conduire à une ré-appropriation d’un projet de vie personnel et cohérent.

*Personne en tant qu’acteur de sa propre vie, jouant un rôle social et toujours, peu ou prou, en représentation. 



Pia Granjon Lecerf travaille à partir de ses qualifications professionnelles:  formation d’assistant de service social (IFSY) ; maîtrise d’Anthropologie sociale (Sorbonne), Coach de vie (Newcastle), PNL, Reiki, EFT ; et aussi son parcours personnel : enfant de parents expatriés , devenue conjointe et parent expatrié de trois enfants.
www.piacoach.com


Propos recueillis au Brésil par RECURSIMO Consultoria- Spécialiste de l’Interculturel
www.recursimo.com

mardi 8 octobre 2013

BRESIL/ LES RACINES DE LA CORRUPTION: TEL PERE, TELS FILS


Lorsque l’on adopte la manière de penser des psychosocionomes (1), la culture d’un pays cesse d’être uniquement un assemblage de caractéristiques telles que nous les livrent les codes sociaux, les rites et les symboles, les valeurs d’une société.

Les psychosocionomes partent du constat qu’une société s’est formée avec la naissance d’un pays, qu’elle est née de ses pères fondateurs, qu’elle a traversé des événements marquants, engendré et aimé ses propres héros, tout comme aurait pu le faire un individu.


Ces experts approchent une nation comme ils le feraient d’une personne, et la notion de culture redevient vivante et dynamique: une société passe par des étapes de développement… elle quitte l’enfance, traverse une quête d’identité comme nous le faisons à l’adolescence, parvient quelquefois à maturité et aborde une période de déclin.

Les psychosocionomes ont également supposé qu’une société avait, comme une personne, un inconscient. Et là les choses deviennent encore plus intéressantes.

Nous savons depuis Freud et Eric Berne (2), avec la notion de scénario de vie, que le propre de l´inconscient est d’impressionner la vie de chacun à son insu... car l’inconscient ne se laisse pas approcher ni déchiffrer facilement. Il se manifeste à travers les lapsus, les actes manqués et les rêves... rien de simple, d’autant plus qu’il est bourré d’énergie!

L’inconscient de l’enfant a donc été imprégné par ses parents et son vécu d’enfance au sein de sa famille. Si l’on poursuit l’analogie, l’inconscient d’une société a été imprégné par l’esprit de ses pères fondateurs et par la traversée de ses grands moments historiques. Comme une personne, cette société a éprouvé des sentiments et des émotions, et a adopté un certain type de comportements inconsciemment nés de ce ressenti. 

Une autre caractéristique de cet inconscient s’appelle la compulsion de répétition.

En d’autres termes, notre inconscient va nous pousser à reproduire et remettre en scène des situations difficiles de notre enfance, dans l’espoir insensé de les résoudre en étant adulte.


Nous pouvons donc nous poser la question:

Qu’est-ce qu’une société répète inconsciemment, venant d’un passé qui remonte á ses pères fondateurs ?

Chez Recursimo, nous réfléchissons sur les récents événements au Brésil, où le peuple ne cesse de manifester depuis cinq mois.

La pression de la rue a réussi à empêcher la hausse du prix des billets de bus.

Le peuple continue d’exiger: Santé, Éducation, Arrêt de la corruption.


Vu l’importance des détournements d’argent public, on peut penser qu’il suffirait d’obtenir une diminution de 80 % de la corruption pour avoir les professeurs, les écoles et les services de santé adaptés aux besoins du pays.

Nous ne pouvons que constater que le pillage systématique du pays par ses élites corrompues, et ceci dans des proportions inconcevables, est une répétition de l’histoire qui remonte aux fondements même du Brésil.

Joao VI (3), le premier roi du Brésil a récupéré le Trésor d'État portugais pour le sauver des mains de Napoléon aux portes du pays, et installer l’empire Portugais à Rio. En arrivant, il a exproprié nombre de cariocas pour loger, du jour au lendemain, ses douze mille courtisans. Il a ensuite levé les impôts correspondants à leurs besoins et aux siens.

 Et ceci durant treize ans... sans cesser d’être aimé par le peuple.

Avant de retourner au Portugal, il a gratté jusqu’au dernier sou les coffres de la Banco do Brasil

-“ la royauté qui venait de vivre de la corruption a litteralement fait un vol à l’arraché du trésor public” (4)

-        les fonds attribués pour le maintien de divers secteurs de l’industrie et pour  les  travaux d’utilité publique ont disparu avec cette soudaine saignée et beaucoup de choses initiées avec l’arrivée de la cour et dont on espèrait un  grand bénéfice ont été stoppées.” (5)

“cela correspondait à une banqueroute, bien que non déclarée....” (6)

-          « En pratique, le fait de voler les ressources du Trésor a eu des conséquences dramatiques sur l’économie brésilienne” (7)


Laissant le pays et son fils, le futur empereur Pedro I, dans d’insurmontables difficultés financières qui ont perduré plusieurs années, sources d’un endettement endémique.

Rien de cela n’empêchait l’amour du fils pour son père.

Obéissance d’un jeune roi, résignation face à l’autorité ou acceptation du fait du prince?

Pour Joao Vl le schéma était très nettement “Ce qui appartient à l'État m’appartient”. Tout comme Louis XIV avait déclaré « l'État, c’est moi! »

Depuis lors, la plupart des gouvernants ont participé au pillage des caisses de l'État comme si il s'agissait de leur bien propre.

Nous savons que la corruption existe dans tous les pays du monde. C’est vrai.

Mais tous les peuples ne la considèrent pas comme un mal nécessaire et ne disent pas :

 si ce n’est pas eux, ce seront d’autres, autant les maintenir en place, ils se sont déjà servis...”


Comme si il y avait une limite au pillage...

Tous les peuples n’ont pas cette incroyable tolérance vis-à-vis des actes de corruption... comme si la loi du Père ne pouvait être vraiment remise en cause.


Au Brésil, les derniers événements portent les signes de la rébellion propres á l’adolescence. Il pourrait ainsi poursuivre sa croissance en dépassant les schémas calamiteux de son histoire.

Il lui faudra toute l'énergie de cette adolescence pour bousculer les organisations criminelles toute puissantes qui participent á faire perdre la crédibilité des États, tout particulièrement en Amérique Latine: Brésil, Colombie, Pérou, Bolivie.

Les Pères pervers ne sont jamais faciles á déboulonner. La Syrie en fait la douloureuse expérience au prix de la vie de son peuple.


« La corruption tue la démocratie puisqu’elle met en cause le fondement

même de la République: l’égalité de traitement, le désintéressement du

Service Public, la recherche de l’intérêt général » (Michel Sapin)8


Françoise DONANT,
Docteur en Économie, Directrice de Recursimo
www.recursimo.com
Photos : Heleno Costa






 1. les psychosocionomes appliquent la psychologie et la sociologie aux entreprises et aux pays, considerant que ces entités pensent, ressentent et se comportent comme des individus.
http :www://psychosionomie.com
2. Eric Berne, fondateur de l’analyse transactionnelle, auteur du livre “Que dites vous après avoir dit Bonjour?”
3. Para o historiador Oliveira Lima, Joao a été “o verdadeiro fundador da nacionalidade brasileira” porque ele assegurou o território e “permitiu a uma classe dirigente de se responsabilizar pela construção do novo pais”
4. Historiador Manuel de Oliveira Lima
5.  Maria Graham
6.Historiador Pereira da Silva
7.Laurentino Gomes “1808”
8.Ministre du Travail, de l'Emploi et du Dialogue social depuis mai 2012