No
contexto de globalização, que facilita as mudanças e trocas entre países,e
portanto, entre culturas, a “interculturalidade” aparece como um novo termo da
“moda”, cada vez mais e mais presente em nosso vocabulário
mas frequentemente desprovido de significado.
Photograph by Daniela Ponce, My shot |
Quando falamos em interculturalidade, as principais questões esquecem até mesmo a
noção de “inter” e de “cultura”: “Então, você compara os franceses e brasileiros no
trabalho, por exemplo?”, “Você compara as diferenças culturais entre os
países?” “Você poderia então nos dizer a chave para mudar nosso comportamento
com os brasileiros?”
Mas
a interculturalidade quer dizer muito mais que isso. Retomemos a definição do
Conselho Europeu em 1986: “O uso da palavra interculturalidade implica
necessariamente, se nós atribuirmos o prefixo “inter” a sua significação:
interação, troca, eliminação de barreiras, reciprocidade e verdadeira
solidariedade. Se, ao termo “cultura” reconhecemos todo o seu valor, isso implica
o reconhecimento de seus valores, de modos de
vida e de representações simbólicas aos quais os seres humanos se referem em
suas relações com os outros e em sua concepção do mundo”.
Essa
definição nos leva ao conhecimento e reconhecimento do Outro na
sua diferença. A interculturalidade é o querer conhecer o Outro,
compreendê-lo ou ainda dar um sentido aos seus comportamentos e não apenas
julgá-lo.
A interculturalidade é, antes de tudo, o ato de se questionar sobre
sua própria cultura e saber reconhecer de onde vem suas próprias atitudes e
reações, assim como sua percepção do mundo. É saber abrir-se para poder se
abrir aos outros.
Em um mundo voltado para o materialismo
e individualismo, a interculturalidade deveria nos aproximar mais do “ser” do
que do “fazer”. Sim, nós nos ensinamos a adotar um comportamento melhor para
“construir” boas relações com os brasileiros. E é também frequente a comparação
dos franceses e brasileiros ao analisar sua maneira de “fazer” seu quotidiano.
Mas sobretudo nos
aproximamos da cultura através da
compreensão e respeito do seu “ser”, como se cada país fosse uma pessoa
a parte, com sua estrutura de personalidade, sua história, seus valores, que
cada um dos membros de sua família, aqui nos referimos a população, tem um
pouco em si. Como uma pessoa, ela evolui, ela amadurece e ela se transforma.
Temos
de estar conscientes de que essa pessoa não é perfeita, mas que ela muito nos
oferece a oportunidade de crescer, de nos enriquecer, e que se não sentimos
imediatamente uma complementariedade com ela, deve-se então buscar a riqueza
escondida dessa relação com o Outro, que frequentemente nos remete a nossa
própria história. Como uma pessoa, nós podemos amar uma cultura, detestá-la,
identificar-se com ela em um dado momento de nossas vidas e nos separarmos.
As
culturas são vivas e evoluem através dos acontecimentos sociais, políticos e
econômicos, tanto, que é através de reações emocionais e comportamentais que elas
atravessam o curso de nossa história. Todas essas dinâmicas levam consigo uma
nova e construtiva visão da relação intercultural.
"Diversity" photo and caption by Kaitlyn Larkin, NG Constest,2013 |
“Ser
intercultural” é transmitir o sentido da compreensão de uma cultura, poder se
colocar na pele do Outro. Não é mudar seu comportamento para se adaptar ao
outro, mas transformar a si mesmo, seu olhar, acreditando em nossa capacidade
mútua de evoluirmos juntos.
Amandine
PELLIZZARI para Recursimo Consultoria – Especialista de interculturalidade.
www.recursimo.com
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Photos: National Geographic
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